Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

27 de abril de 2011

Cidades...


Vejo cenários nas ruas. São crianças, com pezinhos descalços, jovens, velhos dispostos nas calçadas com expressões de lamento. Cenários escuros e silenciosos.
Muitas vezes nos sentimos assim também, abandonados, desconsolados, vazios e entorpecidos por algum sentimento de dor. Porem chegando à nossa casa tomamos um banho quente, ouvimos música, conversamos com alguém e tudo passa e muda. Nas ruas o cenário não muda e aquelas pessoas continuam lá. Fazem parte do ambiente, rodeadas por vitrines luxuosas.  Imagino a cidade como um corpo que tem alma. A parte externa está bem, protegida da chuva, do frio, do calor, mas a alma está triste, na sarjeta. Nossa cidade é um corpo, corpo e alma. Sua parte física são os prédios, casas, carros, somos nós que temos emprego, um teto, estabilidade e identidade. Sua alma são mendigos, drogados, transeuntes do infortúnio, jogados à própria sorte, figuras de um quadro onde a moldura é de ouro e a pintura está ruindo, se desgastou pelo sofrimento e intempéries. Precisa de restauração. Continuamente passamos e verificamos que a alma da cidade está triste, sem abrigo ou consolo, e apenas passamos, nos omitindo, com medo de nos aproximar um pouco mais dessa realidade e oferecer ajuda concreta. Somos espectadores e nos preocupamos mais com a moldura, afinal ela enriquece e valoriza a obra, mesmo que o tema seja esse, desolador e triste. Hoje porem, fiquei com medo de nada fazer, de perder o elo que me faz semelhante Àquele Restaurador Divino no qual acredito e acreditam essas pessoas possa lhes cobrir com tinta nova.

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