Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

23 de março de 2021


Eu hoje acordei de um jeito bom de acordar!

Sem amargo na boca.   
E o meu sorriso,  
esperando chegar  
a hora do bom dia
E de poder abraçar.


A casa cheia de gente,
de vozes roucas,  
de sonolência no olhar,  
choro morno de criança,  
notas contínuas de um violão,  
preguiças assumidas,  
hora de ir trabalhar.  
Cotidiano de vida,   
banhos, toalha, roupão. 


Ternura e enlevo

 E lá da cozinha vinha 
 cheiro de pão e café. 


 Dourando as cortinas 
 dessas manhãs, 
 tão distantes agora, 
 quando tudo é incerto, 
 menos a fé, 
 o sol é o mesmo.  


 Eu hoje acordei de um jeito bom de acordar
 Era só um sonho! 
 E a única certeza, 
 é um deserto no olhar. 


 Eu redesenho com os dedos 
 as flores bordadas na toalha da mesa,   cadeiras dispostas em volta 
 esperando a solidão passar. 


 Lourdinha Vilela.