
Sem amargo na boca.
E o meu sorriso,
esperando chegar
a hora do bom dia
E de poder abraçar.
A casa cheia de gente,
de vozes roucas,
de sonolência no olhar,
choro morno de criança,
notas contínuas de um violão,
preguiças assumidas,
hora de ir trabalhar.
Cotidiano de vida,
banhos, toalha, roupão.
Ternura e enlevo
E lá da cozinha vinha
cheiro de pão e café.
Dourando as cortinas
dessas manhãs,
tão distantes agora,
quando tudo é incerto,
menos a fé,
o sol é o mesmo.
Eu hoje acordei
de um jeito bom de acordar
Era só um sonho!
E a única certeza,
é um deserto no olhar.
Eu redesenho com os dedos
as flores bordadas
na toalha da mesa, cadeiras dispostas em volta
esperando a solidão passar.
Lourdinha Vilela.