Sempre quis desenhar uma paisagem com barquinho.
Na minha infância, quando viajava com meus pais pelas terras de Minas Gerais, eu via os morros ao longe . grandes pedreiras azuladas devido a distância, fios de águas que desciam delas.
. A imensidão das matas com árvores floridas, me faziam querer sair do carro, se pudesse, me tornaria um anjo e voaria até lá para depois descer tocando com meus pés aquelas estradinhas que recortavam o verde.
De repente a geografia mudava meus sonhos e em outro quilômetro qualquer, avistava barcos à margem dos rios ou riachos e lá meu coração também ancorava, eu eu queria brincar nas águas como um peixinho, ou conduzir o barco, remando entre as pedras.
Ao entardecer tudo ia perdendo as formas, e monstros se formavam no desenho das árvores, na
verdade toda a paisagem ficava para trás quanto mais avançávamos e alcançávamos ao amanhecer os traços da vida urbana.
Hoje sou um barco à deriva na cidade grande.
A imensa paisagem das luzes artificiais não clareiam minha alma, e até fazem arder meus olhos
quando choro pelo sonho não alcançado ainda. O Sonho de morar definitivamente junto a natureza. ouvindo o canto dos passarinhos. Por enquanto, O rio escorre pelo meu rosto.
Lourdinha Vilela.
Imagem da Internet
Essa vontade que as vezes vem,
de interromper,
o fluxo desse rio de latas enfileiradas,
que me leva a lugar algum
além de tudo aquilo
que chamam progresso.
Ingressa nesse mundo,
estou,
em busca do capital, na Capital.
Melhor estaria no regresso
ao lugar das minhas recordações
entre a vegetação.
No rio de água pura
infiltrar meu olhar cansado
e ver
o coletivo que me apraz,
peixes enfileirados
coloridos cintilantes
na minha mente refletindo
um pouco de paz,
enquanto o rio,
mansamente
o meu cansaço desfaz.
Lourdinha Vilela
Reeditando