Ela
trouxe as flores e as colocou no vaso
sobre a mesa do computador - gostava de enfeitar
o quarto.
Uma rajada de vento levou a
cortina para cima das flores enquanto escrevia. Fechou a janela quebrando um pouco os ruídos da rua. Ao fundo apenas a canção da” Katie”.
Escurecia aos poucos e logo ele entraria com dois cafés,
deixaria um perto dela, acariciaria seus
cabelos e o outro tomaria ele mesmo, recostado
às almofadas sobre a cama
do casal - Costumava fazer isso todas as tardes
Além da música,
ouvia-se o ruído frenético do teclado no computador de Bia, que por vezes enviava um olhar para o marido como um apelo ou um pedido de desculpas, mas que mesmo assim o encantava - Como resistir àquele olhar?- pensava ele. Apesar da meia idade, permanecia bela, traços marcantes nos detalhes dos olhos, grandes e claros, de um azul quase céu, quase mar e assim era "céu e mar", onde um dia se encontraram pela primeira vez. Uma beleza
singular, embora , muitas vezes ela dizia ser ele o único ainda a admirar. Permanecia emocionado sem
contudo tirar sua atenção, protegendo o
clima mágico e necessário para a conclusão do seu livro.
Cochilava... Muitas vezes ele sentia
falta de um abraço, mas sabia esperar.
A sabedoria e o respeito por certo
compunham a base do grande
amor que sentia.
Depois de algumas horas, ela também exausta, deixando por terminar algum capítulo, fechava o computador sonolenta, para tornar-se a protagonista de um romance pleno," do livro que a vida escrevia".
Lourdinha Vilela
Katie Melua
Agradeço a minha neta Bia por digitar(Enquanto aguardo a cirurgia )