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Ela varria, descontraída. Na casa da fazenda quase
todos ainda dormiam. Neste momento
passava tanta coisa por sua cabeça...
Sarah tinha agora catorze anos.
Ali , era o seu local de trabalho, onde ajudava a
mãe nos seus afazeres e eram
muito queridas pelos patrões. Não tinha muito contato com a vida da cidade nem com as
meninas de sua idade, a não ser quando ia à escola. A casa muito
grande, consumia várias horas do seu dia
nas tarefas leves, mas constantes. Mesmo
assim era o lugar onde costumava construir seus sonhos, rodeada por muita beleza , desde a decoração luxuosa do interior do casarão aos jardins externos, tudo muito
bem cuidado e como agora, sonhava,
varrendo os pedaços de papéis espalhados por todo o piso. Eram também fitinhas encaracoladas
como seus cabelos, caixas e caixas
enfeitadas. Detalhes da festa de
aniversário da filha de sua patroa na noite anterior, no melhor clube da
cidade.
Se os simples pedaços de papéis dourados, prateados e
estampados com flores, já lhe encantavam quanto mais não a encantariam os
presentes!
Praticamente dançava
com a vassoura, rodopiando e até cantando. Seria ela a princesa e a vassoura o
príncipe? Logo seu avental se transformou num lindo vestido
branco, bem justo com alças
fininhas e um pouco de brilho. A
vassoura vestia um blazer e tinha olhos
de cristal. A sala com enormes espelhos
refletia o casal como um caleidoscópio, multiplicando seus gestos. Ele (A vassoura), a conduziu para outro salão
onde se encontravam inúmeros pacotes de presentes e ela começou a abrir um a um e
em seguida dobrá-los numa completa loucura, encantada com tudo.
- Sarah! Sarah! Ficou
louca, ou continua sonhando? Disse Ana sem nada entender à garota.
– Desculpe Aninha, estava apenas brincando um pouco.
Sabe estava imaginando você dançando a valsa com seu pai na sua festa de quinze
anos. Deve ter sido tudo tão bonito!
Sarah se desviou com essa conversa para se desculpar por seus
micos.
-Sim foi muito bonito, e ele estava lá. Disse Ana.
-Quem seu pai?
-Não, o André, lembra que lhe falei?
- Sim disse Sarah. – E vocês dançaram muito? – Muito respondeu
Ana. – Mas deixa para lá, depois te conto tudo.
-Ah!, vem aqui por favor.
Ana
virou-se para Sarah intrigada com o que viu antes. – O que você pretende fazer
com todos esses papéis que dobrou e essas caixinhas?
Sarah meio desconfiada e sem graça, ria das perguntas. – Bem
se você não se importar vou guardar, achei muito bonitas. As caixinhas vão me servir para alguma coisa.
São tão lindas! – Como você pôde jogá-las fora?
Ana balançou a cabeça
como se não acreditasse no que estava ouvindo.
-Olha essa aqui Ana, com esse laço maravilhoso é encantadora
não podia desprezá-la assim .Sarah se sentia indignada.
-Você então precisa ver o que traziam dentro delas, ganhei
vários presentes maravilhosos. Disse
Ana. - E por falar nisso, espere um pouco que volto logo.
E Ana saiu apressada.
Sarah aguardou a amiga imaginando o que poderia ser.
Rapidamente ela voltou com outra caixa na mão. –Toma é para
você. Dirigindo-se a Sarah, com um sorriso aberto e feliz.
A garota logo se deu conta de que era um aparelho Celular.
-Para mim? –Não, não posso aceitar, o aniversário
é seu e além do mais eu não pude te dar ao menos uma bijuteria, como posso
aceitar . Disse Sarah ainda surpresa .
- Olha na verdade eu
ganhei mais de cinco desses de diversas marcas, não vai fazer falta alguma, e
não se preocupe, pois a pessoa que me presenteou com esse aí, a essa hora está voando para bem longe, e jamais vai saber disso.
Sarah abraçou a amiga e patroa e em seguida a mesma passou a
lhe explicar como usar.
Sarah naturalmente tinha um celular que não usava muito, mas
não como aquele de última geração.
Estava até meio tonta com tantos aplicativos como dizia Ana e tanta
tecnologia.
Logo depois de um grande abraço de agradecimento, Sarah despediu-se da amiga que ia para a cidade.
Sentou-se então no sofá e continuou apertando as teclas do celular testando
o que lhe foi ensinado por Ana.
Logo veio a visão de
quando ela desceu as escadas com a caixa na mão. Pensou, nos celulares que a amiga ganhou, pensou nas próprias expectativas e refletiu:
- Será que
não existem mais caixinhas de música como aquelas com bailarinas?
Lourdinha Vilela.
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