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Mary encontrava-se
entre bonecas e retalhos, estes, que sobravam dos recortes de tecidos que a tia
transformava em lindas peças femininas e masculinas.
A menina parecia seguir os paços da tia que morava em sua
casa com seus pais. Levava jeito pra costura, com uma pequena diferença, além
de já ter aprendido a costurar, ela também desenhava os modelitos de suas
bonecas e das amigas. Passava horas ali, toda folga corria para a máquina, e já
tinha fama de ser a estilista do bairro. Transformava as bonecas em lindas
personagens de acordo com o gosto de sua dona.
Sentia-se feliz ao ver o sorriso e o encantamento das amigas. Tudo era
uma grande brincadeira.
Mary ainda não namorava. Aquele era um tempo em que a
infância parecia se prolongar um pouco mais. Apesar das mudanças físicas, os
sentimentos, pensamentos, sonhos tudo o
que povoa o coração e a mente de uma garota de 13 anos, pareciam ficar guardado
ali dentro dela, que nem mesmo se abria com as amiguinhas de sua idade, tudo
era tão proibido, contido e ao mesmo tempo vibrante e silencioso.
Cada retalho trazia um rosto e uma história pra contar. Nas mãos de Mary, uma seda estampada, com
muitas flores na cor rosa bem extravagante e chamativa, mas... _ Gosto é gosto.
Pensava Mary, lembrando-se da moça de vestido curto que trabalhava na farmácia.
Outro retalho era oposto ao anterior, um tecido na cor bege, um Brim acetinado,
que se transformou em um terninho para a mãe da Celina, uma doce senhorinha.
Muitos retalhos de Lese que era a febre nos vestidinhos para as crianças.
Xadrez na camisa do Alex. Em seguida
encontrou um pedaço de Guipir que sobrou do vestido da Julia, a noiva mais
linda que ela viu.
O casamento que
enfeitou de rosas aquela tarde de setembro, jamais saiu de suas lembranças,
além da Ave Maria a canção escolhida para a entrada da noiva, enquanto sinos
faziam o anúncio. Imaginou-se entrando naquela igreja no vestido de Julia e
todos a admirando.
Sua tia a partir
desta data tornou-se uma costureira muito elogiada, pelo sucesso que fez o
vestido.
Mary procurava tecidos
delicados para a blusinha da Lili, a bonequinha que pertencia à Sheila. Após
elaborar os croquis que na verdade nem sabia ser este o nome dos seus desenhos
(encantadores de bonecas) ela escolhia os retalhos que mais se adequavam ao
modelo. Suas mãos finas e delicadas
atingiam o fundo do cesto e reviravam tudo até que de lá retirou um tecido fino
de toque macio. Surpresa sentia-se ao
amolecer de repente, como se sentisse um que de não sei o que. Ela não entendia
o que estava acontecendo, alem de recordar-se dos olhos azuis do Fábio, moço de
rosto lindo, mais lindo que o vestido da Julia e também do dia em que ele
entrou em sua casa, junto com a mãe, trazendo uma sacola com um tecido
dentro. Fábio deveria ter uns dezesseis anos, já o
conhecia de passagem. -Em cidades pequenas e interioranas, todos se conhecem de
alguma forma. A Camisa que seria de mangas longas era para
estrear em seu primeiro emprego, na Loja de tecidos do Sr. Salomão. Meio
acanhado falou de alguns detalhes sobre o modelo da camisa. Tudo acertado
despediram-se educadamente.
Com o tecido ainda nas mãos, Mary recorda-se do arrepio que sentiu quando Fábio passou
novamente por ela e a olhou quase que ternamente...
Separou o pedaço de
tecido e o guardou delicadamente em uma caixinha de madeira, dessas que toda
garota tem e guardam coisinhas que trazem significados e inúmeros sentidos,
segredos, saudades, enigmas e outras preciosidades mais.
O Tecido permaneceu na
caixinha e o olhar de Fábio no coração de Mary com inúmeras possibilidades de
um futuro promissor e um final feliz. Imaginem...
Lourdinha Vilela.
Lourdinha Vilela.
Lindo e se fosse eu, corria pra loja do Sr. Salomão pra ver se Fábio ainda trabalhva lá, sutilmente, esperaria ser atendida e cran,rs..Atacaria com o olhar!rs beijos,adorei! chica
ResponderExcluirSempre digo que os detalhes fazem toda diferença na vida da gente e esse olhar decerto não passou despercebido! Um lindo conto,delicado e cheio de boas lembranças! bjs,
ResponderExcluirLindo conto,com a esperança ainda de Mary encontrar quem sabe com Fábio
ResponderExcluirna loja do Sr Salomão,mas o que vale é a dedicação que ela teve em guardar àquele
pedacinho de tecido em uma caixa,como se fosse seu grande segredo.
E assim é a nossa vida,muitas vezes sem percebermos um pequeno detalhe fará a grande diferença.
bjs amiga Lourdinha.
Carmen Lúcia-mamymilu
Que lindo conto, Lourdinha!...delicado e verdadeiro como eram os sentimentos das meninas ...(será que ainda são?) confesso que fiquei saudosa das minhas próprias lembranças e dos meus guardados e naturalmente dos meninos e dos grandes amores que provocavam em nós as meninas ...guardar um retalho de tecido da camisa do possível amado? que presente lindo da vida.
ResponderExcluirUm abraço
Oi Lurdinha!!!! Faz tempo que não te falo, mas te acompanho, mas esse tema está lindo.Adoro essa imagem, tenho ela guardada com a ideia de realmente fazer uma colcha,O conto está lido.Como tudo que escreves. Adorei.
ResponderExcluirBeijos
Gilda
Boa tarde
ResponderExcluiraté a costureira fez sucesso pelo vestido ,tudo
se torna oportunidade, gostei do conto.
bjs
http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/