Ele chegava apressado
e anunciava: - Vamos viajar. Sem
programar, sem nada.
Era sempre dezembro, a árvore mais uma vez ficaria sozinha,
com suas bolas coloridas que no momento refletiam a euforia e a alegria. Os
olhares dos menores nas vermelhas fixadas na base, o meu olhar nos duendes
silenciosos que pareciam querer adivinhar meus pensamentos e um pouco mais
acima nas bolas douradas, o caminhar sereno e cansado de minha mãe. Fazer as
malas, de uma hora pra outra...
Eu me esforçava em colaborar enquanto pensava na odisseia em
detrimento dos presentes que com certeza não receberíamos. O custo da viagem seria alto. – Mas isto não
importava.
Que maravilha era viajar nos meus tempos de pré-adolescente
em busca do Natal em outras paisagens. O verde das árvores naturais, os morros
que não desabavam, a chuva que cintilava no vidro do carro. Tudo tão mágico, e
a canção que ele, meu pai, adorava, “Fille Du Vent”, e então eu soltava os meus
cabelos e os deixava voar para fora em quanto cantarolava junto com o rádio,
arriscando um francês inventado. - E não é que dava certo!
Na casa dos meus avós, outra árvore com suas bolas
coloridas, iriam refletir novos olhares e rostinhos recém chegados, carregados de sentimentos e felicidades Natalinas. Lú Vilela.