Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

3 de setembro de 2013

Olhares

                                                                           
Agosto,l972.


Era o seu primeiro emprego. Angelina chegou bem cedo, antes de começar o  expediente, queria organizar suas coisas pessoais. Teria uma sala só para si, cercada por divisórias com comunicações laterais, dando acesso a outras,  no segundo andar da empresa.  Um lugar no armário do arquivo para guardar sua bolsa,agasalho , etc.,uma mesa ampla com uma máquina de escrever de última geração,uma calculadora . Retirou da bolsa um vaso solitário e uma flor amarela delicada, um porta-retrato e caneta. Colocou a caneta e deixou o porta-retratos vazio.

Após certificar-se de que tudo estava à seu gosto, resolveu chegar  até a vidraça, abriu a enorme janela de correr e verificou que outros funcionários transitavam no pátio em direção à entrada principal,com elevadores e escadarias de  onde se distribuiriam as salas e seus  respectivos departamentos.

Algo chamou sua atenção naquele rapaz. Com certeza não era o físico, era até bem magro, e naquela época este não era um fator  de tanta importância, além de que, o olhar que observava , era um olhar ainda puro e despretensioso, que  começava a desabrochar, como uma flor ao reconhecer o jardim  onde fora plantada. Os seus cabelos sim, eram de um brilho intenso, de fazer inveja a muita garota.  Talvez o gesto  de jogá-los para traz, tirando-os do rosto com movimentos  repetidos, por serem compridos, bem abaixo da nuca. Talvez por estarem totalmente  na  moda, de  acordo com a preferência feminina de sua idade. A verdade é que eram lindos de encantar , e assim ficou Angelina , encantada. Desejou que ele olhasse para cima, mas passou rapidamente e sumiu sob a marquise.

O dia transcorreu com muitas apresentações, tanto de trabalho quanto de colegas que fariam parte de sua equipe. Pena  o  rapaz em questão não ser um deles.

No dia seguinte Angelina,  resolveu  novamente olhar da janela.  Quem sabe com um pouco de sorte  o rapaz  a olhasse de relance. Esperou um pouco. Ansiosa andava de sua mesa até a janela,  quando o viu se aproximar. Sempre jogando os cabelos, ele pode avistá-la e ao passar  olhou para cima esboçando um sorriso,  imediatamente correspondido por Angelina

Virou rotina. Todos os dias, Angelina esperava  por aquele sorriso e pelo doce olhar dirigidos  à ela.
 E eles se olharam tanto, e se apaixonaram tanto, que até hoje,  seus olhares se encontram, todos os dias, e até  na hora de dormir juntinhos,  mesmo  quando  seja simplesmente   para dizerem   um ao outro:
_Boa Noite , meu amor!


Lourdinha Vilela




4 comentários:

  1. Ai, ai, ai...
    O amor e todas as suas nuances de viver, sentir, vibrar...
    Adorei, aliás, adorando vir sempre e sorrir e emocionar.
    bjs
    Ritinha

    ResponderExcluir
  2. Linda e romântica história. Doce e linda! beijos,chica

    ResponderExcluir
  3. Oi Lourdinha
    Quanta suavidade e romantismo nestas belas palavras minha flor.
    Hoje vim deixar a sementinha da minha amizade para que ela germine e encha de nuances e aromas os encontros que teremos aqui neste maravilhoso mundo virtual.
    Uma ótima quarta feira
    Beijos com ternura e afeto

    ResponderExcluir
  4. O momento do encontro que define uma vida...tão simples, mas tão verdadeiro!

    ResponderExcluir