Um jovem de
classe media alta, se encontrava agora
naquela rodovia de Minas Gerais, indo
ao encontro dos pais, como se buscasse abrigo seguro. Um grande lamento, era tudo o que vivia neste momento, uma
angústia que o frustrava, apesar de ser
um empresário de grande prestígio, de levar uma vida de muito conforto,
fruto não só de sua grande performance
na área profissional, mas também do berço,
que o fazia alvo de grande cobiça.
Havia se
divorciado há pouco e encontrava-se exausto pelo longo e desgastante processo litigioso .
Por sorte ou não , não tinha filhos. Sua ex-mulher levou uma vida de
princesa ao seu lado, gastando todo seu
dinheiro, em joias viagens e futilidades.
Felipe sentia-se como se fosse o Banco particular de sua mulher. Quantas vezes suspeitou do amor, que ela dizia
ter por ele, na verdade queria brilhar, atrair a atenção de todos para si, e de
certa forma brilhara destacando-se na
alta sociedade , sempre ocupando
as páginas dos melhores jornais, hora
por seus vestidos caríssimos, hora por suas façanhas nas viagens ao exterior. Sempre em
foco na mídia, carregando o seu nome..
A noite chegou , logo entraria na estrada
de chão, chovia torrencialmente e os problemas, chegaram mais rápido do que o esperado. O para-brisas, parecia não suportar a quantidade de água, além dos granizos. A
garrafa de uísque, era sua única
companhia, e ele agora lançou mão de sua
ajuda para se acalmar um pouco, sabia,
não encontrar por aquelas bandas algum tipo de punição, ainda mais debaixo de chuva à noite.
O barro,
denso, fazia o carro deslizar. Não conseguia tirar Síndy da mente. Este era o nome de sua ex-mulher. Seu olhar de lince, sua esperteza,
sua extrema vontade de tirar dele tudo o que pudesse. O sentimento , parecia
não contar, também foram poucos anos, entre amor e ódio. Sentia-se desprezado e usado como um objeto de
consumo.Poderia oferecer a ela muito mais que dinheiro, um amor de verdade. Mas este objetivo não fazia parte do universo
da mulher , para ela só a riqueza do
marido fazia diferença.
Bastante
alcoolizado, ele já não conseguia identificar a estrada, apenas seguia em
frente. Lágrimas aqueciam o seu rosto.
O carro,
rodou bruscamente e bateu em um barranco, Felipe, desmaiou.
O latido de
cães, o acordaram, dois cavaleiros, olhavam curiosos , um deles desceu do
cavalo e bateu no vidro. O dia
começava a clarear.
- Moço, moço.
falou o mais velho dos homens.
Felipe levantou o olhar e agradeceu à
Deus por estar vivo. Abriu a porta,e se levantou ainda tonto.
- O Senhor
está ferido na testa, precisa de ajuda, vamos até minha casa, precisa de um curativo, disse o velho.
Tentaram
tirar o carro, mas não conseguiram. O velho propôs
levá-lo até à casa , e traria um
caminhãozinho para rebocar o carro.
Felipe não
encontrou outra alternativa. Durante o
trajeto, soube que o velho era um ex empregado de seu pai, portanto já o conhecia
de longa data. Se sentiu melhor com esta notícia, ao menos estava entre amigos.
Ao chegarem à
casa, Felipe foi apresentado à mulher do Sr. Salvador, sim este era o seu nome
uma mera coincidência. Logo a mulher, veio com uma toalha morna, limpando os
ferimentos e colocou uma espécie de emplasto de ervas dentro de um pano alvo,
que logo ficou verde , e o imprensou em sua testa.
Minha filha
vai trazer um café. Disse a mulher ,
deixando a sós , ele e a moça, que lá no fundo da cozinha, areava
panelas, que brilhavam ao sol na janela
acima da pia de cimento queimado. Ficou
impressionado com tanto brilho vindo daquelas mãos delicadas. Ela o olhava de
relance com aqueles olhos verdes, sob a franja loira. Uma linda garota. Deveria
ter seus vinte anos.
-Espere só um
pouco moço, disse a garota, a água está quase fervendo.
-Como se
chama? ele perguntou ainda impactado por aquele olhar.
-Sandy, disse
ela
-Sindy?,
lembrou-se da mulher.
-Não Senhor,
Sandy, de Sandy e Júnior, meus pais adoram a dupla, daí...
-É um lindo
nome, e a sua beleza também não deixa nada à desejar.
-Moço é
melhor o senhor parar por aí.Veja meu pai está chegando!.
-Desculpe, eu
sei, ele trouxe o caminhão, que irá rebocar meu carro na
estrada
.
.
Uma buzina,
rouca e fraca, o acordou daquela momento, levantou-se e seguiu para o porta...
-Moço , o
café. Sandy o chamou.
Voltou e
recebeu da garota uma xícara branca, sem pires, com o café que borbulhava.
Novamente
fitou aquele olhar de esmeraldas. Os dois tremiam agora.
- Obrigado
Sandy, repetiu- Sandy não é mesmo?
Saiu ao
encontro do Velho.
No caminho para
a fazenda de seu pai, conversou muito com o Sr. Salvador, sempre entrando em
assuntos pertinentes à sua filha aos quais o velho desviava para não dar
intimidades ao moço.
Chegaram à
fazenda. O pai de Felipe, estranhou a forma de sua chegada, logo veio também a mãe que o abraçou calorosamente.
Mais estranho ainda, foi não dar tanta importância àquele abraço, não como
imaginava na noite anterior, seu coração parecia aquecido agora. Os olhos de
Sandy provocara um incêndio dentro dele.
Ao ser
reconhecido pelo antigo patrão, Sr. Salvador sentiu um certo orgulho pelo
reconhecimento, de tantos anos de dedicação à família de Felipe.
Na mesma
semana , logo após ter recuperado, o carro, Felipe voltou ao Sítio do pai de
Sandy, com o pretexto de pagar pela gratificante acolhida.
-Não moço,
não se preocupe , foi um grande prazer.
-E Sandy ? Perguntou
pela garota com um certo receio.
-Ela, está no
povoado, nas aulas de artesanato. Deve estar chegando.
-Posso
oferecer-lhe uma carona , preciso ir ao povoado e na volta posso pegá-la, não me custará nada.
-Bem Moço,
por mim está certo, mas garanto que ela não virá com o senhor . Disse o velho
conhecendo os brios da filha.
Ao menos vou
tentar. Disse ele.
A garota já se encontrava a caminho da casa.
Filipe parou o carro e ofereceu carona. Sandy o reconhecera. Trazia nas mãos
umas bonecas de palha de milho, mimosas e ao mesmo tempo desengonçadas. De
forma alguma entraria no carro de cor
preta, do moço da cidade.
-Vamos Sandy o sol está muito quente, disse ele.E ...seu
pai me autorizou.
-Estou
acostumada. E continuou caminhando.
Enquanto a seguia, utilizando apenas as segunda e primeira marchas do seu carro, Felipe, se encantava com o andar tímido e suave da moça, como se ela pisasse em algodão. Lindas pernas sob um vestido esvoaçante de seda com florzinhas miúdas ,brancas e amarelas. Era uma visão linda , algo de pitoresco em contraste com o verde e as flores amarelas dos ipês que marginavam a estradinha de chão.
Enquanto a seguia, utilizando apenas as segunda e primeira marchas do seu carro, Felipe, se encantava com o andar tímido e suave da moça, como se ela pisasse em algodão. Lindas pernas sob um vestido esvoaçante de seda com florzinhas miúdas ,brancas e amarelas. Era uma visão linda , algo de pitoresco em contraste com o verde e as flores amarelas dos ipês que marginavam a estradinha de chão.
E assim prosseguiram até chegarem à casa.
-O Sr. tinha
razão. Falou ao pai, e ele sorriu.
Mesmo assim ,
tornaram-se frequentes as visitas de Felipe à Sandy, e logo o namoro se transformaria em noivado.O amor entre os
dois parecia tão sólido como se já se
conhecessem há muito tempo.
Felipe voltou
à fazenda dos pais, para comunicar a sua decisão.
-Não sente
medo meu filho. Falou a mãe preocupada. Um noivado assim, tão apressado. Não teme
sofrer novamente, não conhece direito a moça, vivem em mundos diferentes.
Poderá sofrer várias consequências.
-Tenho sim minha
mãe, O medo de perdê-la, mas agora acredito que não vou errar. Vou sair da Capital , vou investir nas nossas fazendas, não deveria ter saído
daqui. Preciso de um pouco de paz, e esta paz somente encontrarei aqui. ao lado de Sandy. Ela é uma grande mulher, dedicada, afetuosa, sincera além de linda. E tem
mais...
- Você
precisa ver o brilho! ,disse com muito
ênfase
-Que
brilho meu filho?
- O brilho
das panelas....
- Que panelas
, que importância tem isto.A mãe parecia não entender.
-É que, se a Sandy , cuida tão bem, até mesmo das panelas de sua
casa...
Imagino o quanto melhor, irá cuidar de mim.
Lourdinha Vilela
Gosto muito do que você escreve, Lourdinha.
ResponderExcluirSua escrita, meu aplauso!
Beijo e ótima noite!
Obrigada minha amiga, seu aplauso é uma honra.bjs.
ExcluirQue maravilha de conto e de ver como descreves cada situação. E esse finl, lindo, remete ao passado. Se dependesse das panelas brilhando eu estaria mal ,rs
ResponderExcluirbeijos,chica
Obrigada Chica. Até que gosto de brilho nas panelas, mas também se dependerem de mim...
ExcluirLourdinha... li de um fôlego só! Adorei esse conto, e que final inesperado!
ResponderExcluirParabéns, amiga, gosto do que escreve. Estava torcendo pelos dois, rsr.
Meu carinho.
Obrigada Tais, que bom que tenha gostado. Ele merecia um final feliz.
ExcluirBjs.
Que história gostosa... O caminho certo encontra o seu rumo.Precisou conhecer a desilusão para valorizar o sentimento verdadeiro.
ResponderExcluirUm abraço
E os sentimentos verdadeiros, as vezes só florescem nos campos da simplicidade.Obrigada Guaraciaba pelo carinho da visita.bjs.
ResponderExcluirOI LOURDINHA!
ResponderExcluirBONITO TEU CONTO.
O AMOR É ASSIM, PODE SURGIR NUM DESTES MOMENTOS EM QUE A PESSOA PENSA QUE ELE NUNCA MAIS VIRÁ...
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Que linda história, mas acho que ele está mais carente e precisando de uma companhia feminina que cuide dele, do que o amor propriamente dito.
ResponderExcluirParabéns pelo blog e conteúdos encontrados aqui.
Já estou te seguindo.
Abraços.Sandra
Olá Lourdinha, vim agradecer sua visita e o comentário que deixou. Obrigada!!
ResponderExcluirParabéns pelo lindo conto. O amor é um sentimento nobre e pode surgir nos corações em momentos inesperados, mas que se torna um grande amor. Lindo!!!
Um abençoado final de semana. Bjuss
Gostoso de ler, Lourdinha e do que gostei mesmo foi do final feliz, Amiga, beijos!
ResponderExcluir
ResponderExcluirOlá Lourdinha,
Lindo o conto. Adorável de ler.
O amor sempre surpreende. O encontro dos dois, com certeza, tinha momento e lugar certo para acontecer. A experiência infeliz com a ex-mulher o ajudou a encontrar o seu verdadeiro ninho.
Ótimo final de semana.
Beijo.
Lourdinha, obrigada pela visita ao Eterno. Andei passeando por aqui e vi que tudo é muito belo, gostei muito!
ResponderExcluirBeijos
Um conto de amor! Quem não gosta de ler histórias de final feliz? Há muitas oportunidades nos caminhos, para quem está atento. E um amor que chega ao fim pode ser a janela para se encontrar outro, mais valioso. Bjs.
ResponderExcluirOi Lourdinha
ResponderExcluirUm lindo conto com final feliz. Quando o amor é verdeiro todas as barreiras são superadas. E o amor floresceu entre os dois corações sedentos.
Uma ótima semana. Hoje vim te convidar para conhecer meu novo espaço virtual. Será um prazer te receber para um brinde. Para acessar minha nova casa click aqui ”Casinha da Poesia”
Beijos com meu especial carinho
Gracita