Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

20 de outubro de 2012

Vira- latas



A cerca era toda em arame farpado.
Várias carreiras listravam a visão.
Mesmo assim dois cãezinhos esguios
por ela entravam,
atraídos pelo cheiro
da comida no fogão.
E na hora em que família  reunia-se
na varanda pra almoçar,
sempre  pra eles sobrava,
Um pouco de tudo, pra festejar.
Hora o osso, de uma pobre galinha,
um pouco de angu de fubá,
água da poça, quando chovia,
mas se a barriga tava cheinha
pra que reclamar.
Um dia uns homens vieram,
derrubaram da roça, a cerca
E os cãezinhos espiavam
Com carinha  de surpresa.
Agora seria mais fácil...
Nada de arame pra espetar.
Mas aí... chegaram tijolos
E mais homens, e mais pás.
 Uma imensa parede  crescia
Pra roça novamente cercar
Pobres cãezinhos agora
Se olhavam ,
Famintos  a pensar
Melhor procurar outra cerca
Por que comida
É pra comer
E não, só pra  cheirar.

Lú Vilela


10 comentários:

  1. Que triste final para os cachorrinhos!Ficaram sem seu restaurante!...rss...tadinhos!O pior é que acontece e muito!Linda e comovente sua poesia!bjs,

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  2. Que linda e eles tem razão.Precisam de comida pra comer...beijos,chica

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  3. Tadinhos (rsrsrs).
    Vida de cãezinhos vira-lata é assim mesmo, coitados, eles têm que se virar sozinhos, sem o conforto daqueles que possuem um lar.
    Singelo e lindo. Adorei!

    Ótimo final de semana.

    Beijo.

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  4. Na poesia, uma realidade gritante. Tenho pena, quando encontro cães e gatos "vira-latas".
    É certo que já existem muitas organismos protetores.Mas é preciso mais conscientização.
    Gostei, da sua poesia, Lú, como poesia e como e, de certa forma, para reflexão.
    Um beijo,
    da Lúcia

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  5. Este teu poema é um belo grito de alerta para os que nem compaixão têm pelos animais.Estes Vira-latas são especiais porque parece que seu coração é gigante de tanto amor que têm para nos dar.Valeu amiga! Parabéns!
    Brisas e muitas flores para enfeitar tua alma.Bjs Eloah

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  6. Triste e real.
    Há muitas paredes limitando os pobres cães.

    Olhar sensível na criação do poema. Belo!

    Bom domingo, Lourdinha!
    Beijos

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  7. Olá minha querida amiga, estou mais uma vez com meu recadinho pronto, essa semana fiquei praticamente sem net, estava com uma ruim, troquei piorou, não sei mais o que fazer, interior tem dessas coisas!!
    Passei para desejar muita paz e amor na tua vida, parabéns pelo blog, cada vez com mais novidades, sucesso!! Um autor desconhecido escreveu lindamente sobre o amigo:
    Força da Amizade
    "A força da nossa amizade vence todas as diferenças... Aliás... para que diferenças se somos amigos? Quando erramos... nos perdoamos e esquecemos Se temos defeitos... não nos importamos... Trocamos segredos... e respeitamos as divergências... Nas horas incertas, sempre chegamos no momento certo... Nos amparamos...nos defendemos... sem pedir... fazemos porque nos sentimos felizes em fazer... Nos reverenciamos... adoramos... idolatramos... apreciamos... admiramos. Nos mostramos amigos de verdade, quando dizemos o que temos a dizer... Nos aceitamos , sem querer mudanças... Estamos sempre presente, não só nos momentos de alegria, compartilhando prazeres, mas principalmente nos momentos mais difíceis..."
    O amizade é um sentimento nobre e esse mundo virtual fortalece grandes amizades e isto é muito bom para um mundo onde as pessoas não tem mais tempo para o outro. Abraçoss, fica com Deus.

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  8. Poucos deles cuidam. E aprendem a se mudar, constantemente, para encontrar o alimento. São como os seres humanos, abandonados. Bjs.

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  9. Tadinhos, até na roça os cachorrinhos vão ficando pouco a pouco sem lugar, lindo poema amiga, a modernidade deixa os bichinhos sem lugar mesmo, ainda acrescento as cercas elétricas que atrapalham a vida dos passarinhos e dos gatinhos tbém! bjoooss

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  10. Lu, chorei, lindo demais, sua sensibilidade é à flor da pele!
    Coitadinhos dos animais abandonados, de rua, pena que é assim, são tantos!!!
    Beijos minha linda amiga poetisa!

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