Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

28 de outubro de 2012

Na paz da Poesia.



Ando encontrando espaços dentro de mim.
Estão lá guardando coisas, memórias e sonhos.
-Uma guerreira  encarando frente a frente
traumas adolescentes.
No  campo minado quer explodir agora.
Explosão do que feriu. Meu coração Escarlate.
-Há bálsamos com grande poder de cura
Um  declinar de sol se despedindo, vibrante porém,
aquecendo ainda. É o meu olhar maduro.
E misturando tudo...
-Suspiros  em sinfonia inspirando um norte  de essências,
prelúdio da doce inocência.
-Sou eu vestida de branco. Na paz da poesia.
Se pareço criança, que eu seja então sempre criança.
E que me embale os braços das ilusões.

Lourdinha Vilela




Esta imagem foi retirada da Internet.(autor desconhecido)



Do rio, entre a mágoa e o perdão,
Por que não ser a ponte?

Lú Vilela





 Imagem- Cláudio Monet - O Lago das Ninfas- Harmonia Verde



22 de outubro de 2012

Eu e Você



Quero reencontrar
 Os ventos
Que trazem os perfumes
Aromas encantados
Impregnados
Dos  nossos sonhos adolescentes
Essências em espirais,
Nas ruas
Ao longo dos passeios
Por onde andávamos
Sem perceber o tempo
Eu e você
A sós.
 Quem sabe os inventamos,
Para não esquecermos jamais
De nós!

 Lú Vilela 

Imagem da Internet.

20 de outubro de 2012

Vira- latas



A cerca era toda em arame farpado.
Várias carreiras listravam a visão.
Mesmo assim dois cãezinhos esguios
por ela entravam,
atraídos pelo cheiro
da comida no fogão.
E na hora em que família  reunia-se
na varanda pra almoçar,
sempre  pra eles sobrava,
Um pouco de tudo, pra festejar.
Hora o osso, de uma pobre galinha,
um pouco de angu de fubá,
água da poça, quando chovia,
mas se a barriga tava cheinha
pra que reclamar.
Um dia uns homens vieram,
derrubaram da roça, a cerca
E os cãezinhos espiavam
Com carinha  de surpresa.
Agora seria mais fácil...
Nada de arame pra espetar.
Mas aí... chegaram tijolos
E mais homens, e mais pás.
 Uma imensa parede  crescia
Pra roça novamente cercar
Pobres cãezinhos agora
Se olhavam ,
Famintos  a pensar
Melhor procurar outra cerca
Por que comida
É pra comer
E não, só pra  cheirar.

Lú Vilela


19 de outubro de 2012






Não sei como é
Não sei explicar
O que o vento leva
O que o vento traz
Sei do vazio
Sei do cansaço
Sei da lágrima,
Sei lá do que eu sei,
Quando você
Não está.

Lourdinha Vilela
Imagem Vladmir Volegov


CASAL



Sem alaridos
Sem marcha nupcial
Sem flores
Sem o sonho, de branco vestido
Bastou
Apenas anjos,
O amor
 as bênçãos
E o desejo
de ser feliz.


Lourdinha Vilela
Imagem - Internet- Autor desconhecido.



5 de outubro de 2012

Do Coração (conto)





O horário foi marcado há duas semanas, seria às 15 horas.
Aline retirou a folhinha do calendário, suspirou aliviada e apreçada,  teria que se arrumar. Entrou no chuveiro molhou os cabelos, deixou que a água penetrasse bem neles e esfriasse um pouco sua cabeça que parecia ferver. Movimentos rápidos aceleraram seu banho.
Escolheu o vestido do primeiro encontro, era de cor rosa bem suave, com  a saia evasê.  Entrou rapidamente nele, secou os cabelos, caprichou na maquiagem e diante de um grande espelho sentiu certa alegria, aquela que toda mulher satisfeita com a própria imagem sente..  Seus cabelos longos e pretos caiam sobre os ombros cobrindo um pouco o decote, os olhos amendoados castanhos escuros, o corpo apesar dos seus trinta e seis anos de idade era bem delineado e proporcional.  Apesar de toda sua beleza Aline sentia-se apenas um projeto de mulher. Talvez  ao fim de toda esta angústia voltasse a se sentir mais valorizada em sua autoestima.
Os sapatos teriam que ser baixos, não conseguia dirigir de saltos, mesmo assim levou um par para trocar ao descer do carro, queria estar elegante.
Antes de sair Aline olhou de relance para o final do corredor e viu a porta de um dos quartos de seu apartamento recém pintada na cor creme, ainda exalava um cheiro de tinta fresca, esboçou um sorriso, fechou a porta e seguiu até o carro.
Já no carro sentia seu coração bater apressadamente, ligou o som para tentar se descontrair um pouco. No CD do Ozzy Osbourne procurou a música Mama I´M Coming  Home.
O Trânsito fluía bem. Desejou encontrar todos os sinais abertos. Acelerava muito ao longo das avenidas sem se descuidar da sinalização. Nada poderia comprometer sua chegada. No centro  da cidade tudo  lhe parecia bonito, até mesmo os muros  pichados com aqueles desenhos agressivos . O dia estava claro e revelador.
Quanto mais se aproximava do seu encontro, sensações se sucediam em seu coração, momentos de tensão, calafrios, euforia, Seu rosto também recebia tudo isso com um rubor intenso. Parecia fogo adolescente.
O CD reiniciava.
Chegou ao local.  Manobrou o carro em direção a guarita do estacionamento, se esqueceu de retirar o cartão de entrada, engatou a ré e agora sim, retirou o cartão e entrou. Sentiu-se um pouco mais tranqüila e agradeceu a Deus por ter chegado bem. Em seguida desceu do carro trocou os sapatos, pegou sua bolsa e dirigiu-se a portaria do prédio. O Elevador chegou rápido e logo estaria diante da realização do seu maior sonho, nada lhe traria mais felicidade. Chegou ao andar indicado,  caminhou um pouco até uma das portas, abriu e entrou.
Lá estava ele, os olhos negros e úmidos, parecia ter saído do banho, um cheirinho maravilhoso. -Chorou, Aline chorou também lágrimas da mais pura alegria depois de tanto tempo de sofrimento, correrias, e dissabores. Agora seus corações eram acalentados. Tremendo um pouco Aline retirou a manta azul que o cobria, queria senti-lo mais perto do peito. Acariciou sua face rosada e olhou para o alto como em uma prece e agradeceu novamente a Deus.
Enfim se concretizou todo o processo de adoção. Augusto era o seu nome. Assinou alguns papéis para cumprir mais um pouco de burocracia, tudo agora era apenas felicidade.
Deixou que os profissionais se despedissem dele enciumada, não queria perder nem mais um minuto da sua presença, sua vontade era  sair dali correndo, tinha um medo  inexplicável de que algo acontecesse e a fizesse perder tudo o que havia conquistado. Sua frustração pelo fato de não poder dar à luz, fez de sua vida um mar de tristeza.  Recordou a primeira vez em que o viu,  prematuro, perdido dentro das roupinhas, enfrentando todo o desconforto daqueles aparelhos. Tudo aconteceu quando visitava uma amiga no hospital. Seguindo um instinto, a sua vontade era de passar no berçário também, adorava crianças.  Uma enfermeira lhe informou a situação do bebê. Soube logo que por vários motivos narrados, iria para adoção.  Sentiu-se envolvida e apaixonada por ele, queria lhe dar toda a proteção.  Começou daí uma luta demorada.
 Agora porem, tudo era passado.  Entre beijinhos e adeusinhos eloqüentes, saiu orgulhosa e feliz com seu amorzinho nos braços.

No  carro, o aconchegou dentro do Moisés, e com grande carinho beijou seus pezinhos de filho do coração.


Lourdinha Vilela




Imagem retirada da Internet.

Obs.  Esta é uma postagem mais antiga, resolvi  publica-la novamente.


3 de outubro de 2012




Tudo será apenas
 um gemido
Enquanto
soar esta saudade
do que não foi vivido

Lu Vilela


Imagem da Internet