Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

30 de maio de 2012

Mário Quintana


Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
Alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti.

imagem retirada do Google. 

26 de maio de 2012

Teatro dos Vampiros -shttp://www.youtube.com/watch?v=B6iuIssVqRA&ob=av3n




 Em mim, o som
 Em ti, o silêncio
Em mim, o tom
Em ti, o lamento
Enveredas por vales
de abismos desertos.
Surjo entre brumas
 na orquestra,
do mar dourado
batendo nas pedras.
 Surjo dos sonhos sonhados
pra te despertar,
antes que ouses
à queda.

Lú Vilela




21 de maio de 2012




A tarde se faz em cores cinza.
A inverno, desaponta o domingo preguiçoso
envolto em lençóis de lã.
O livro guardado a mil chaves espera, que
de seu leitor favorito, lhe alcance, as mãos quentes,
  lhe retire pó,
e recomece a viajem por suas páginas primaveris
de sol dourado e romances calientes.

Lú  Vilela.

Imagem :Mulher lendo livro
/Charles- James- Lewis

17 de maio de 2012

Sândalo



 Parecia sândalo. O perfume invadiu o corredor de paredes claras, desceu as escadas.  Como que puxado por um imã, ele o seguia.  O silêncio se rompia pelo barulho de saltos, cada vez mais próximo. Alcançou outro lance, tremia ao imaginar a provável presença do que o atraíra.  A expectativa formidável de desvendar o mistério criado por si próprio. Caça e caçador.  Apressou-se, queria saber, olhar, sentir mais de perto.  Agora já no saguão do prédio, muita gente se cruzando.  Algumas pessoas aguardavam em frente aos balcões, um frenético ruído de vozes, pessoas visivelmente apressadas como o de costume.  Outros perfumes se misturando no ar, mas aquele que lhe fez vibrar de curiosidade era inconfundível - Madeira - mantendo ainda suas “notas do coração”.  Num relance, seu olhar avistou a silhueta definida de uma jovem mulher saindo apressada pela porta principal do edifício.  Só poderia ser ela.  Correu até lá.  Rapidamente ela ganhou a rua e atravessou a avenida de mão dupla marginada de arbustos floridos.  Ainda na portaria ele observava um pouco decepcionado, quando a viu entrar em um carro e partir.  Com a cabeça baixa, pode perceber um papelzinho dobrado, jogado no chão. Mil idéias vieram em seu socorro - Seria um número de telefone, um endereço - talvez ela o quisesse atrair propositadamente ou quem sabe estaria ele ficando louco. Viajou no passado triste de muita saudade ao mesmo tempo tão presente agora visto a inquietude do seu coração. Caminhou um pouco, o sol infiltrando-se entre as árvores embaçou seus olhos enquanto abria o papel quase rasgando. Seu único desejo era que nele encontrasse alguma pista.  O delicado papel porem estava em branco, apenas impregnado com o  perfume  que lhe arrebatou a alma.

Lourdinha Vilela

Re-postando.

16 de maio de 2012

Lua - Mulher

Por vezes a lua 
se enfeita de brilho
escolhe uma fase
e quer se mostrar




Orgulhosa e magrinha
um quarto de si
elegante e sozinha.
Ninguém quis olhar...


A lua é novinha
e tem a certeza
 ainda vai  agradar


Precisa crescer
em outro céu renascer
poder encantar


Mas agora cheiinha
um pouco gordinha
com pena de si
pensou se esconder
a chuva, chover...
mas a noite é clarinha
e não sabe entender
tanta gente na rua
o  céu a olhar

Por Lourdinha Vilela




imagens retiradas da Internet
(Não tem o poema a pretensão de 
informar a ordem de aparecimento da  lua)



.



13 de maio de 2012


Eu não poderia
 deixar
que você
 passasse
assim
por mim
sem somar ao ritmo
dos teus passos,
os passos meus
nem deixar de entrelaçar
os meus braços
lado a lado
nos braços teus.
No entanto se o teu olhar
não corresponde ao meu
 fico sem pés e sem braços
no espaço do abraço
que não aconteceu.

Lourdinha Vilela

Imagem retirada da Internet.

Todo ou qualquer sorriso seu
Caso chegasse agora
Ou em qualquer
Outra hora
Seria
Em boa hora
Seria
 a melhor hora
Do meu dia.

Lourdinha Vilela
Imagem da Internet

12 de maio de 2012

CARÊNCIA- Layla e Salomão




Lia sentou-se na cadeira, toda branca, madeira maciça. Uma de seis que compunham o jogo da sala de jantar.  Ela amava estar ali sentada, quando conseguia uma folguinha dos seus afazeres domésticos.  Ficava olhando o vasinho de louça também branca, e suas violetas que ela cultivava com toda sua alma.  Aproveitava estes poucos instantes para folhear alguma revista, conferir as contas do mês e até mesmo rezar um pouco. Acima do aparador, havia um quadro do Sagrado Coração de Jesus. Muitas vezes se ajoelhava diante dele para fazer suas orações.  Precisava muito dessas orações.  Poderia estar na sala de visitas, naquele sofá confortável em frente TV, mas a sala de jantar era um lugar estratégico, de onde ela poderia ouvir o ruído do quarto mais próximo onde dormia sua filhinha de apenas dois anos, Layla.  A menina nascera com uma cardiopatia congênita, e alterou toda a rotina da família, sem contar o sofrimento. Eram muitas idas ao hospital, exames, tudo o que envolve um quadro grave de uma criança debilitada.  Precisavam manter uma Bala de Oxigênio em casa, para socorrê-la quando tivesse uma crise cianótica.  Lia deixou o trabalho, e teve que dedicar praticamente vinte e quatro horas diárias à sua linda filhinha de olhinhos azuis, cabelos lourinhos e cacheados, mas que, por causa da insuficiência cardíaca não conseguia andar.

O outro filho de Lia tinha entre cinco e seis anos de idade. Claro que lhe era dedicado todo o amor dos pais, mas também é claro que ele absorvesse todo aquele sofrimento e luta, e embora não percebesse ou não percebessem, foi um pouco deixado de lado por força de toda esta situação. Era sempre o segundo a receber a atenção da mãe na hora das refeições, do banho. Mas parecia entender tudo sem demonstrar ciúme. Apenas muito calado, ficava aguardando que as coisas lhe favorecessem mais.


 A família contava com o apoio dos avós paternos e a avó materna que conseguiam minimizar a situação por vezes muito triste, quando Layla precisava ser internada e Lia se ausentava por dias de seu lar e infelizmente do convívio com o filhinho. Salomão era o seu nome, apelidado de Sal ficava sob os cuidados dos avós que faziam de tudo para suprir estas ausências.

Em uma destas tardes mais calmas em que se encontrava em casa, Lia percebeu uma movimentação diferente no comportamento do filho e ficou aguardando os fatos. Sal pegava roupinhas na gaveta da cômoda do seu quarto e as colocava na malinha que lhe foi dada de presente ainda quando estava na barriga de sua mãe.  Era para guardar o seu enxoval.  Esta malinha estava na família já há algum tempo, passando de uma grávida para outra.  Uma espécie de relíquia embora pouco usada, já que  em tempos modernos os  enxovais  de bebês recebem  todo um aparato especial, levando-se em conta a concorrência comercial, que deixam os pais loucos, pois as ofertas são tentadoras dado à qualidade e beleza .

Sal passou na frente de sua mãe com sua malinha pesada. Saiu pela porta da cozinha e deu a volta no quintal. Lá dentro Lia escutou alguém que batia na porta da sala. Ficou curiosa, pois ninguém havia tocado a campanhinha.  Achou que se tratasse de Sal inventando alguma brincadeira. Como toda mãe, colocou em prática seu sexto-sentido.
Abriu a porta e recebeu o filho de braços abertos- Oi meu queridinho quanto tempo, estava com tanta saudade de você.  Lia dizia isto abraçando e beijando seu filhinho, participando da sua brincadeira.  Levou-o  pra cozinha agarrado em seu pescoço e lhe fez um lanche bem gostoso com tudo o que ele adorava comer. Não deu meia hora, o menino repetiu tudo e outra vez  ela abriu a porta e o recebeu com abraços e beijos. Só não ofereceu lanche. E assim se sucederam umas cinco vezes. Até que Lia, um pouco cansada da brincadeira pediu ao filho que fosse brincar com outras coisas que ela tinha que cuidar da Laylinha que já estava acordada.

No dia seguinte, Sal começou tudo de novo, quase no mesmo horário. No começo  a mãe aceitou a brincadeira, mas depois estando exausta e até mesmo preocupada resolveu parar.  Na mesma hora o menino, demonstrou seu descontentamento, pedindo à mãe que brincasse mais.
- Meu filho arruma outra brincadeira – disse Lia.
-Não mãe, vamos, só mais um pouco. Dizia o menino com os olhinhos cheios de lágrimas.
– Você não enjoa não, Sal. Porque insiste nesta brincadeira? Chega já  me cansei.

O menino cansou-se também de insistir e foi ficar lá na soleira da cozinha. A mãe meio que sem entender, mas com um pouco de pena sentou-se ao seu lado, pegou o rostinho dele com as mãos e falou:
- meu filho por que você gostou tanto desta brincadeira e não quer parar mais?  Eu estou muito ocupada e você deve entender que tem hora para tudo, até para brincar.  E Sal olhando timidamente para a mãe respondeu:
 -Não mãe, não queria brincar nãaaao, mãnheeeê. Só queria que você, me desse um abraço. Falou Sal, na sua linguagem de criança.
Lia  mais uma vez abraçou o filho com muito carinho e compreendeu toda a sua carência e seu sofrimento.


                                                        FIM


lourdinha Vilela.


Quantas vezes deixamos  de abraçar nossos filhos, de beijar, por estarmos muito ocupadas com outras coisas de menor importância.
Carinho é a base de tudo. É para ser demonstrado a cada instante.
Tudo se constrói e se reconstrói com amor.
Já beijou e abraçou seu filho hoje? Talvez ele esteja precisando da sua iniciativa para se tornar também uma pessoa carinhosa e te cobrir de abraços e beijos neste dia das mães.



                                       FELIZ DIA DAS MÃES




                                                                            



11 de maio de 2012

OLHOS DO CORAÇÃO DE MÃE


Neste dia das mães,
gostaria de receber
de  presente:
“Óculos”
-De sol?
-Não
Uns bem diferentes,
Que tivessem lentes
De longo alcance
Com extra  poderes
Que me permitissem ver
onde e como
meus filhos se encontram.
Se ainda fossem crianças,
eu os protegeria das tomadas
dos inseticidas, dos desinfetantes
Dos  tombos e assombros
Que apenas mãe
Sabe o quanto doem. 
Sem contar os vírus,
bactérias, febres e
e tudo o mais.

Mas eles cresceram.
São jovens, e acham-se,
donos do mundo,
e o  querem abraçar.
A noite é traiçoeira!
Devo ficar em alerta
Pra depois não chorar.

Então, os óculos teriam
uma espécie de raio X,
e por dentro
do coração dos meus filhos
eu poderia olhar.
Sentir seus anseios,  angustias
seus medos,
e assim,
 melhor ajudar,
embora eles odeiem!
E querem, mesmo arriscando-se
O gosto de, o mundo experimentar.
A  liberdade pra viver
O direito de sonhar.

E como é impossível
Estes óculos ganhar
Venho pedir ao Senhor meu Deus
Que tem olhos
superiores ao meus
que salve os meus filhos
E jamais permita que eles sofram
Como sofreu o seu.


Lourdinha Vilela

9 de maio de 2012

Cidades.



Vejo cenários nas ruas. São crianças, com pezinhos descalços, jovens, velhos dispostos nas calçadas com expressões de lamento. Cenários escuros e silenciosos.
Muitas vezes nos sentimos assim também, abandonados, desconsolados, vazios e entorpecidos por algum sentimento de dor. Porem chegando à nossa casa tomamos um banho quente, ouvimos música, conversamos com alguém e tudo passa e muda. Nas ruas o cenário não muda e aquelas pessoas continuam lá. Fazem parte do ambiente, rodeadas por vitrines luxuosas.  Imagino a cidade como um corpo que tem alma. A parte externa está bem, protegida da chuva, do frio, do calor, mas a alma está triste, na sarjeta. Nossa cidade é um corpo, corpo e alma. Sua parte física são os prédios, casas, carros, somos nós que temos emprego, um teto, estabilidade e identidade. Sua alma são mendigos, drogados, transeuntes do infortúnio, jogados à própria sorte, figuras de um quadro onde a moldura é de ouro e a pintura está ruindo, se desgastou pelo sofrimento e intempéries. Precisa de restauração. Continuamente passamos e verificamos que a alma da cidade está triste, sem abrigo ou consolo, e apenas passamos, nos omitindo, com medo de nos aproximar um pouco mais dessa realidade e oferecer ajuda concreta. Somos espectadores e nos preocupamos mais com a moldura, afinal ela enriquece e valoriza a obra, mesmo que o tema seja esse, desolador e triste. Hoje porem, fiquei com medo de nada fazer, de perder o elo que me faz semelhante Àquele Restaurador Divino no qual acredito e acreditam essas pessoas, possa os cobrir com tinta nova.

Lourdinha Vilela

6 de maio de 2012


Paira sobre mim 
um constante risco
cada vez que te ausentas...
Posso me afogar
em lágrimas

Lourdinha Vilela

DENTRO DO LIVRO
PÉTALA SECA
RESQUICIO MATERIAL
 DO AMOR
DE OUTRORA
DENTRO DO PEITO
 AINDA
O AMOR
 ATEMPORAL
QUEIMA E ARDE
 AGORA.

Lourdinha Vilela


5 de maio de 2012

Lágrimas


Se é preciso chorar, chore
Mas, esconda suas lágrimas
Para não entregá-las
A quem lhe fez chorar,
No Inverno
As folhas caem uma a uma,
E são tantas!
 No entanto,
Jamais alguém se abaixou para contá-las.

Lourdinha Vilela
 Imagens Claudine Neto.



3 de maio de 2012

ZOO





Nos cantos dos cantos do zoológico
Espreguiçam-se as antas
Penduram-se os macacos
Nas árvores ruídas.
E os pássaros
Acreditam
Ser livres sob telas de metal
 A girafa
Quando alcança o cume de outra tela
Elegante e bela
Acha-se a tal
A serpente tão  temida
Parece dormir, com cara fingida,
Expondo seu dorso colossal
Bonito o pavão
Quantas serão suas cores?
 Quem sabe um dia ainda
Conseguirei contar
 Se por sorte, suas asas abertas encontrar.
E o elefante, tão grande pesado
”Sansão”
De olhar tão doce,
A pata acorrentada, 
Coitado!  É a minha impressão.
Sapos, tartarugas, jabotis
Ariranhas,
Araras, papagaios...
O que  ainda estou fazendo aqui?
 Preciso visitar as onças, os tigres
Também o rei Leão
 Rei na terra de ninguém,
Fez chorar meu coração.


lourdinha Vilela 







1 de maio de 2012

Eric Clapton- Wonderful tonight

A VIDA E A ARTE



 NASCER - ARTES
CRESCER- ARTES
SONHAR- ARTES
AMAR -  ARTES
PROCRIAR -ARTES
ENVELHECER-ARTES
MORRER-ARTES
ETERNIZAR - ARTES

Lourdinha Vilela 

Imagem-
Artista - Johannes vermeer- l632-1635
Título- View on Delft
Técnica- óleo sobre tela
loc.atual- Royal Pictures gallery Mauritshuis
Fonte- Wikipédia- Enciclopédia Livre.






(Um dos meus pintores favoritos)    



lourdinha Vilela